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Notícia - Diaristas dispensadas sem pagamento: a categoria Ă© a mais atingida pela crise coronavĂrus
» 27/04/2020
Diaristas dispensadas sem pagamento: a categoria Ă© a mais atingida pela crise coronavĂrus
O Instituto Locomotiva realizou uma pesquisa entre os dias 14 e 15 de abril e constatou que 39% dos patrões dispensaram as diaristas sem pagamento durante a pandemia do coronavĂrus.
A situação das trabalhadoras domĂ©sticas — sĂŁo mais de sete milhões de mulheres nessa ocupação — Ă© bastante representativa desse quadro. As que fazem bico como diarista eram 31,7% do total em 2015, segundo a Organização Internacional do Trabalho – OIT, mas há indĂcios de que essa cifra aumentou com a recessĂŁo econĂ´mica, acompanhando a tendĂŞncia geral de aumento da informalidade.
Desde o inĂcio da pandemia de coronavĂrus, as orientações de prevenção e segurança fornecidas pela OMS Ă© focada no isolamento e distanciamento social e higienização pessoal e de utensĂlios.
Quando a pesquisa mostra que quase 40% das empregadas domĂ©sticas diaristas foram dispensadas sem manutenção do pagamento de seus salários, fica evidente que uma grande parcela dessas mulheres perdeu o trabalho e está sem renda e outra parte, continua trabalhando, ficando expostas ao contágio pelo vĂrus.
Os mais ricos sĂŁo os que menos pagam
A pesquisa mostra que esse percentual de dispensa das trabalhadoras sem manutenção do pagamento Ă© ainda maior entre os entrevistados pertencentes Ă s classes A e B – camadas da sociedade em que a renda por pessoa da famĂlia Ă© superior ao teto de R$ 1.526 mensais, cerca de 45%, justamente entre as pessoas que, na prática, com maior poder aquisitivo, poderiam continuar pagando suas diaristas, como forma de ajuda humanitária.
O que mais surpreendeu na pesquisa Ă© que a porcentagem de patrões que dispensaram suas empregadas e diaristas mas mantiveram o pagamento foi maior entre os patrões da classe C, cuja renda por pessoa da famĂlia varia entre R$ 536 a R$ 1.526, do que entre os grupos A e B. Cerca de 40% dos empregadores da classe C disseram praticar a dispensa remunerada, enquanto o grupo AB, tal percentual Ă© de 36%.
A pesquisa tambĂ©m indicou que 39% dos patrões de diaristas e 48% dos patrões de mensalistas, declararam que suas funcionárias estĂŁo mais protegidas contra o novo coronavĂrus se ficarem em casa recebendo o pagamento normalmente para cumprir o distanciamento social requerido contra a doença.
O sócio e presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles afirma que os dados mostram que a situação é alarmante, tendo em vista que na maioria dos casos, ou as trabalhadoras ficaram sem renda, ou continuam trabalhando se deslocando por grandes distâncias pela cidade e pelos transportes públicos, se expondo a riscos.
Na maioria dos casos, essas pessoas moram nas regiões perifĂ©ricas, menos favorecidas, com menor capacidade de isolamento e higiene e acabam disseminando o vĂrus com maior rapidez.
O estudo
Para realizar o estudo, o Instituto Locomotiva entrevistou uma amostra de 1.131 pessoas por telefone, em cidades de todos os Estados da federação. A pesquisa ouviu homens e mulheres com 16 anos ou mais, e tem margem de erro de 2,9 pontos para mais ou para menos.
O presidente da ONG Instituto Doméstica Legal, Mario Avelino, afirma que, apesar de os empregadores de diaristas não serem obrigados legalmente a praticar a dispensa remunerada, podem ter “bom senso e o respeito ao ser humano“.
Desde o inĂcio da pandemia, aumentaram os relatos de trabalhadoras domĂ©sticas que ficaram sem renda de um dia para o outro.
O assunto ganhou destaque nacional, especialmente depois que foi noticiada a primeira morte no estado do Rio de Janeiro, de uma empregada domĂ©stica de 63 anos que contraiu Covid-19 apĂłs contato com a patroa, que esteve na Itália e tambĂ©m contraiu o vĂrus.
Despesas cortadas
É importante as pessoas se conscientizarem que é um momento de muita fragilidade e insegurança.
Há brasileiros que contratavam diaristas e tambĂ©m perderam ou tiveram a renda diminuĂda, e dentre as despesas que foram cortadas, a primeira, foi a do trabalho domĂ©stico.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂstica (IBGE) e do Instituto Locomotiva, 11% das famĂlias brasileiras contam com o serviço de ao menos uma trabalhadora domĂ©stica.
O presidente do Instituto Locomotiva afirmou que se surpreendeu com o resultado da pesquisa, porque acreditava que a proporção de empregadores que dispensariam as funcionárias mas manteriam o pagamento seria maior, principalmente em função do grande engajamento às campanhas sobre o tema e os debates nas redes sociais.
De qualquer maneira, ficou demostrado que as empregadas domĂ©sticas com vĂnculo empregatĂcio financeiramente estĂŁo mais protegidas que as diaristas, mas nĂŁo em questĂŁo de saĂşde, posto que, a maioria, como dito, foi mantida no trabalho, expostas ao risco.
Já as diaristas que perderam a renda, no momento, somente podem contar com o auxĂlio emergencial proposto pelo governo federal no valor de R$ 600,00 e R$ 1.200, 00 para o caso das mĂŁes solteiras, com renda nĂŁo superior a meio salário mĂnimo por pessoa do grupo familiar.
Fonte: Greenme
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